"A primeira regra de qualquer tecnologia utilizada nos negócios é que a automação aplicada a uma operação eficiente aumentará a eficiência. A segunda é que a automação aplicada a uma operação ineficiente aumentará a ineficiência."
Bill Gates
Se o dinheiro for a sua esperança de independência, você jamais a terá. A única segurança verdadeira consiste numa reserva de sabedoria, de experiência e de competência.
Henry Ford
"A inteligência de negócios não se trata apenas de passar mais e melhores informações à linha de frente (gerentes e equipe), trata-se de dar-lhes poder para agir com base nas informações."
Thomas Malone
"A globalização exige a expansão de negócios e dos investimentos...
Na mesma velocidade que empobrecem os países endividados!!!
Depois que a submissão financeira é instalada pelos agentes especuladores, as dívidas se enraízam e atinge todas as classes sociais de um pais."
Di Matioli
Este é o primeiro capitulo do livro A BATALHA DO APOCALIPSE que conta a história do arcanjo Uziel.
A BATALHA DO APOCALIPSE
DA QUEDA DOS ANJOS AO CREPÚSCULO DO MUNDO
A BATALHA DO APOCALIPSE - Eduardo Spohr
1ª EDIÇÃO
PARTE 1
VINGADORA SAGRADA
Tsafon,
o Monte da Congregação, dias atuais.
Certo dia, o arcanjo Uziel, cansado daquela
espera infindável, resolveu galgar o monte Tsafon e afrontar seu irmão.
Armou-se de sua espada de fogo, vestiu uma armadura dourada e tomou
a longa escadaria de mármore que levava à construção de pedra no topo do
morro. Ao fim dos degraus, o Santuário do Alvorecer aparecia meio oculto
pelas nuvens geladas, um aposento imponente, erguido por largas colunas
redondas. Uma forte luz azulada coruscava em seu interior, um brilho que o
arcanjo acreditava ser as emanações do próprio Deus Yahweh.
Mesmo através de seu elmo polido, que
completava o conjunto da bela couraça, o rosto de Uziel era austero, e
demonstrava a sua vontade. Sozinho, ele ponderara por anos a fio,
e agora enfim decidira visitar
o Altíssimo, só para ter
certeza de que o
espírito de Deus continuava adormecido,
deitado no santuário, e não morto, como às vezes ele suspeitava. Um dia,
há muito tempo, Uziel havia contemplado a face do Criador, uma dádiva reservada
só aos arcanjos – nem os
anjos tiveram esse júbilo.
E o que ele viu
foi fraternidade, amor e compreensão.
Então, como teriam os celestiais chegado àquele grau de corrupção? O
Paraíso caíra em decadência, e junto a ele também o mundo dos homens.
Mas o caminho ao santuário não seria
facilmente vencido. Miguel, o Príncipe dos
Anjos, irmão direto de Uziel, guardava o
trono divino, e não estava disposto a permitir seu ingresso. Sozinho, ele
bloqueava a passagem, brandindo sua espada sagrada, a insuperável Chama da
Morte. Envergava uma armadura completa, prateada como os raios da lua, e
adornada por detalhes dourados no peito, que formavam desenhos complexos
no metal espelhado. O capacete, de crista vermelha e queixada pontuda,
fora posto de lado, deixando aparentes as feições masculinas, a barba por
fazer, e o rosto cheio de cicatrizes horríveis, adquiridas nas Batalhas
Primevas, um confronto ancestral, sucedido antes mesmo da criação do universo.
Miguel era o mais forte dos cinco
arcanjos, o primogênito, o herdeiro do Criador. Seu cabelo, negro e
comprido, era cortado por uma mecha alva que corria à nuca, e os fios
estavam presos em um rabo-de-cavalo pouco alinhado.
Se avistado por olhos
humanos, poucos o reconheceriam como uma entidade celeste,
não fossem as asas branquíssimas, afiadas como navalhas nas pontas.
O vento ameno da aurora agitou o cabelo do
príncipe, e soou com apito aos ouvidos de Uziel. O
visitante estacou a dez
metros do guardião, na
parte mais baixa da
escadaria. Silenciosos, os dois Gigantes se encararam – Miguel,
forte e confiante; Uziel, indignado e decidido. O invasor levantou sua
espada em posição de defesa, segurando a arma com ambas as mãos.
— Saia de meu caminho, Miguel. Estou
reivindicando o direito de visitar o nosso Pai
Yahweh, em seu leito de repouso. É meu
direito como arcanjo e descendente do Criador.
Por um momento, o príncipe nada disse. Em
seguida, desceu um degrau.
— Você não vai a lugar algum, caro irmão.
Minha paciência esgotou-se. Estou farto de sua insolência. Eu sou o
Príncipe dos Anjos, e isso significa que eu sou o líder dos
arcanjos também. A minha palavra é a lei – determinou – Yahweh está
dormindo, como todos sabemos. E Ele não pode ser perturbado. Eu estou aqui
para defendê-lo, e não será você ou qualquer outro que destituirá de minha
função principal.
Uziel pareceu ainda mais irritado.
— E como saberei que Ele está mesmo aí
dentro, Miguel? Você nos diz o mesmo há milênios, insistindo que, um dia,
o Criador despertará para punir os injustos. Pois eu digo que este dia
chegou. A podridão tomou conta do mundo. Já é hora de sabermos se o que fala
é correto.
— Atreve-se a questionar os meus comandos?
Eu sou o seu irmão mais velho! Não duvide de seu comandante.
— Veja aonde você nos levou, e pergunte a
si mesmo se é realmente algum tipo de líder. Gabriel arrastou metade dos
nossos anjos para uma guerra civil contra nós, e Rafael nos abandonou,
caindo em desgraça. Se você se opuser a mim, qual o outro arcanjo que terá ao
seu lado? Lúcifer? – Ironizou, evocando o nome do maior de todos os
inimigos do Céu: Lúcifer, o Arcanjo Sombrio, expulso pelo próprio Miguel
do Paraíso junto com sua horda nefasta.
O Príncipe dos Anjos lançou ao invasor um
olhar de desdém, ao mesmo tempo em que levantava sua espada fulgente.
— Eu não preciso de você, Uziel. Não
preciso de ninguém.
Então, o guardião
empunhou sua arma, e
a moveu para o
ataque. Suas chamas cresceram, e a luz do
fogo sagrado refletiu nos olhos castanhos do príncipe. Uziel
sentiu vontade de fugir frente à majestade do inimigo, mas sua pujança o
motivou ao combate.
— Então é verdade, não é? É verdade o que
Gabriel disse aos seus anjos... – Mas antes que Uziel terminasse, Miguel
alçou vôo, abriu suas asas, e desceu para ferir o irmão com um golpe
violento de espada. Ofuscado pelo brilho do sol, o visitante quase não se
esquivou, mas conseguiu rolar para o lado no instante preciso. Um estrondo
titânico abalou a montanha, e a lâmina flamejante tocou a escadaria de
mármore, abrindo uma fenda larga no solo. O invasor teria caído pela
encosta do morro, não tivesse adejado em reflexo. Ascendeu às alturas, mas
em seguida mergulhou, aterrissando em um sítio acima do guardião, muito
perto da passagem ao santuário. Dando as costas ao perigo, disparou para
dentro do templo, subestimando a potência do algoz.
Mesmo entendendo que jamais venceria o
impiedoso vigia, Uziel continuou sua trilha. Queria entrar no Santuário do
Alvorecer e vislumbrar a face do Onipotente, só mais uma vez, nem que isso
custasse sua vida. Se o Altíssimo estivesse realmente adormecido, ele teria
obtido a resposta que procurava – a de que a sua luta ao lado do arcanjo
Miguel tinha sido legitima.
Mas e se nada encontrasse?
E se Yahweh não estivesse deitado em
Tsafon? Essa hipótese o apavorava sobremaneira, mas ainda
assim pereceria feliz, sabendo
que desafiara seu tirânico
irmão, mesmo que num derradeiro momento.
Teria, então, se redimido de todas as matanças, de todas as catástrofes
que promovera, de todos os cataclismos que comandara.
Correndo e voando, ele
pulou para o interior
do edifício, venceu as
colunas e ultrapassou o umbral de entrada.
Uma luz intensa confundiu seus sentidos,
mas logo a vista se adaptou à claridade. No centro do grande aposento,
surgiu um pedestal trabalhado, e sobre ele descansava um livro grosso, de
aparência antiga, escrito por dentro e por fora. Aquele era o Livro da Vida,
um magnífico artefato deixado ao Príncipe dos Anjos pelo próprio Deus
Yahweh, e que relatava, em detalhes, toda a história do Sétimo Dia, desde
a criação do homem até o crepúsculo dos tempos. Estava marcado com o
código secreto dos Malakim, um idioma anterior à aurora do mundo. Miguel
nunca deixava que qualquer um se aproximasse do tomo, e sua obsessão para com o
objeto chegava a ser psicótica.
Quando percebeu o que se passava, Uziel
sentiu as costas rasgarem em um corte abrasado. A dor do fogo queimou suas
asas, e o sangue escorreu pelo ferimento. Como um raio certeiro, a espada
flamejante do furioso Miguel dilacerou suas costas, lançando o invasor ao estado
letal. Atordoado, desabou contra o chão, largando o sabre e se esticando à
espera da morte.
O guardião pisoteou o busto do visitante,
esmagando o metal da armadura dourada. Então, apontou sua lâmina ao rosto
do irmão, em prelúdio ao choque final.
— Miguel, você nos traiu! – protestou o
ferido, cuspindo um refluxo de sangue – Você traiu a confiança dos
arcanjos e de todos os celestiais.
— Eu não traí ninguém, Uziel. Foi você
quem traiu a si próprio.
— Onde está Deus, Miguel? Onde está o
nosso Pai Luminoso?
Às portas do desfalecimento, Uziel ainda
resistia, procurando resposta à sua busca desesperada. ão distinguira
sinais do Altíssimo no templo de mármore, só os contornos de um livro
envelhecido. O que teria acontecido ao Criador?
— O Onipotente está aqui mesmo, Uziel.
Será que não percebe? Ele está aqui, no Santuário do Alvorecer!
Uziel maneou a cabeça, convencido da
insanidade do irmão.
— Yahweh está morto, é isso! Ele morreu ao
fim do Sexto Dia! Não está apenas adormecido como você havia contado. Você
nos enganou por todos estes anos, Príncipe Celeste
– acusou – Eu me sinto envergonhado por
ter acatado as suas ordens, mas estou feliz por, enfim, ter alcançado a
verdade.
Desta feita, Uziel acalmou-se. A vida o
estava deixando, mas ele havia cumprido a sua missão. Agora, sua essência
vital poderia se dissipar finalmente, e regressar ao ventre do Infinito.
Pronto à execução, Miguel deteve sua
espada por mais um segundo.
— Perdeu seu juízo, pobre irmão. Se
preferisse esperar só mais um pouco, não estaria agora estendido neste
piso gelado. A Roda do Tempo não tardará a anunciar o Apocalipse. Mas não
é sua culpa. Nada você poderia ter feito para evitar o destino. Assim está
escrito – completou, fatalista.
Então, o príncipe levantou sua lâmina, e
Uziel aguardou a sentença.
— Não me tome por louco – acrescentou o
arcanjo Miguel, em inesperado discurso – Antes que morra, quero que saiba
que eu só digo a verdade, e faço tudo pelo bem da Criação.
Deus está adormecido, e se você não o
encontrou quando entrou nesta sala – pausou e em seguida atacou com a
espada, perfurando o estomago do moribundo – é porque não teve a dignidade
de olhar para trás.
Quando a
arma encravou, o invasor
se contorceu em espasmos
de dor. Miguel trespassara seu peito, a
parte mais sensível da anatomia angélica, onde está concentrada toda
a essência celeste, toda a energia sagrada, todo o poder da aura pulsante.
Com uma mão, o príncipe despedaçou a
couraça, e com a outra arrancou o coração do irmão. Uma luminosidade mística
envolveu o cadáver, e o corpo se dispersou em vibrações cintilantes. E
esse foi o fim do arcanjo Uziel, patrono da casta dos Querubins.
Vitorioso, Miguel se aproximou do
pedestal, onde repousava o livro fechado. Deslizou os dedos sobre as
inscrições, e sublinhou com os olhos os caracteres marcados. Virou-se
para trás, para a nave do templo, agora vazia. Então, regressou a atenção
ao tomo sagrado. Com um misto de seriedade e loucura, o arcanjo falou em
sussurro:
— Concordo com você em um ponto, irmão:
chegou o dia de Deus despertar de seu sono.
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